O Roque Morreu
Salvam-se um ou outro restício do que foi um dia aquele rock dos prémios MTV, como estes meninos, os Paramore. O rock não precisava de categoria própria, ou não costumava precisar. Era música, ao lado do rap, do soul, da electrónica... O rap também já não é rap, entretanto. Transformou-se neste hip-hop de mete nojo, que compete pelo bling mais caro, as miúdas mais skanky e quem mexe mais vezes nos tomates em palco.
Ou estou muito velha (é possível) ou estes VMAs vieram mostrar ao mundo que a música está um caco, que o negócio da música é um nojo e que já ninguém faz nada de sério. Valham-nos os downloads "ilegais", que ao menos puseram a malta a ter de saber dar concetos ao vivo para pagar as contas, já que os albuns não vendem. Senão tinha sido o mesmo espectáculo vazio e estéril de ontem, mas em playback.
Mas ainda assim, verdade seja dita, já ninguém rocka nuns prémios destes. Os Foo Fighters o ano passado fizeram uma prestação maravilhosa nos EMAs de Munique, com um medley do primeiro single com uma musica de Sex Pistols. Rockaram como o caraças mas estavam à vontade, estavam na Europa. Nós ainda não temos o complexo de não se poder dizer mal do hip-hop e não se poder gostar de rock.
Ontem um desastre a noite toda. Ou era hip-hop do mau (e acreditem que eu sei distinguir) ou era Tokio Hotel. Eu costumava achar que ter um filho gótico seria dos meus piores medos. Mas afinal não. O meu maior medo é que filho meu (sim, eu escrevi "filho meu") goste, admire, venha a vestir-se de igual ou sonhe ser os Tokio Hotel. Mato-o à porrada.
E não digo isto para me armar em velha e dizer que os miúdos é que não sabem fazer musica hoje em dia. Os Paramore, a tocar aí em baixo, são mais novos que as minhas primas mais novas, são um bocadinho Emo (belhac) e vendem ipods no site deles. Mas rockam. E não têm muitas tretas e a vocalista não tem de mostrar mamas para poder cantar. A Pink, abençoada, também rockou bastante mas tem a desvantagem de fazer umas musicas de merda que não se pode ouvir.
Ah, e só mais uma coisinha: já não é assim tãaaaao cool fazer covers da Madonna e do Michael Jackson. Não foi assim há tanto tempo, eles não são assim tão retro e se querem por o público a mexer e a comprar discos é só fazer uma coisa originalzinha. A sério, resulta.