Temo nunca ter chegado a ser intelectual o suficiente para alimentar condignamente este blog, de forma a poder ser lido por quem vale a pena que o leia. Temo também não ter ideia nenhuma sobre quem valeria a pena que lesse o dito blog. O que temo mais ainda é não ter conseguido ser uma "Carrie Bradshaw" alfacinha, que gosta de bicicletas e sapatos de salto alto, e artesanato em patchwork, e músicas dos Smiths. Tivesse-me dado para isso, este blog praticamente se alimentaria a si próprio, coisa que suspeito há anos que outros façam.
A vertente cómica da escrita que por aqui passou pecou apenas por muitas das vezes não ser intencional. E por, das vezes que o era, não ter tido gracinha nenhuma. Mas sei (e sofro) no meu âmago, que houve tempos em que me achava piada, o que é meio caminho para que outros me achem também. E hoje, nas internetz, a comédia está toda feita. Só nos resta a nós ir buscá-la e ser congratulados mais pelo nosso sentido de "olfacto" apurado para descobrir comédia, do que propriamente por criá-la.
Entretanto uma pessoa apaixona-se. E as fantasias badalhocas, ideologias cretinas, piadas de ocasião e desabafos desapropriados que subtilmente (às vezes nem tanto) iam escapando pelas entrelinhas do blog, deixam de ser partilhadas aqui, para irem morar a um sítio real, onde naturalmente se sentem melhor. Fica a restar assim um campo ínfimo de assuntos que apetece escrever, pautado sempre por um esforço tremendo em não falar de nós próprios (que-ninguém-está-para-aturar-as-tuas-merdas-todos-os-dias-e-ainda-por-cima-por-escrito), não escrever palavrões, não pôr demasiadas fotos da Lohan que até já parece mal, etc.
Como todos os anos chegamos aqui outra vez. À nova vida do Célula Estaminal. Espero que ainda aí esteja alguém que me oiça, isto não está tão mal como parece. Pelo contrário.
Nunca na vida estive tão feliz, e isto é muito duro e díficil de lidar.
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