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Célula Estaminal

Célula Estaminal

13
Out08

Kharma and the bitch

Domesticada

Quando entrei para o 5º ano, para a escola que seria a minha até ao 12º, sofri bastante. Qualquer pessoa, aliás, que entrasse no 5º ano naquela escola sofria bastante. Na fila para a "menina" para ir comprar folhados mistos levávamos uns socos nas costas dos grandes, na fila para o almoço os grandes passávam-nos à frente, na carrinha tropeçávamos nas rasteiras dos grandes à saída, e à noite sonhávamos que os grandes nos queriam matar.

 

Os grandes tinham mais um ano que nós. E estou em querer que havia praticamente um grande para cada um de nós. Eu tinha uma, uma grande grande. Hoje chamam-lhes bullys mas acho que é só pelo gozo de nos por todos a dizer bullying que é uma palavra muito engraçada de dizer.

 

A minha grande traumatizou -me de tal forma que há cerca de um ano, numa fila para pagar as bebidas numa dicoteca me passou à frente, e eu não só não fui capaz de dizer nada como mordi o lábio inferior para não desatar a chorar que nem um bebé. Teria sido um espectáculo maravilhoso.

 

Quis a conjuntura da situação contextual que nos viéssemos a encontrar num casamento agora, e que ficássemos na mesma mesa, coisa que temi que fosse acontecer e daí ter começado a emborcar gin tónicos praticamente à saída da igreja. Quandfo me pediu um cigarro olhei para o meu JT com olhos mareados como quem diz ela está a falar para mim, salva-me, ao que o JT responde prontamente (é o meu herói) que eu não lhe dava cigarros coisa nenhuma porque ela era uma cabra para mim quando eramos pequenas. Como estávamos todos bem bebidos rimos bastante, dei o cigarro à rapariga e fomos falar de fusões e aquisições para a varanda.

 

Umas horas mais tarde, ainda estupefacta comigo própria por ter estado a falar de mercados e da crise financeira com a minha grande, entro na casa de banho para ir tentar esconder a 5ª malha do meu collant. Oiço um grunhido a vir da única casa de banho que estava ocupada e deparo-me com um quadro de decadência que tenha eu 80 anos não me vou esquecer. A minha bully, completamente de rastos com a bebida, postrada entre duas paredes a vomitar como se não houvesse amanhã, e a pedir-me ajuda. Apressei-me, disse claro, claro, fui buscar uns dodots para se limpar e tirei uns 5 segundos para respirar fundo.

 

Dei-lhe o paninho, deixei-a entregue e saí. Ao sair ainda me cruzei com uma outra grande, a grande de uma pobre coitada da minha idade certamente, e que ia em auxilio da amiga, que ainda ouviu os meus maquievélicos hihihihi.

13
Out08

Kharma is a beach

Domesticada

A tal vacation guilt tomou forma, e no primeiro dia de férias perdi o meu ipod. O meu ipod era o mais próximo que tinha a um animal de estimação (sendo que a Billie Jean é o mais próximo que tenho a uma filha). Estava comigo há 4 anos, era o primeiro da sua geração, portava-se extraordionariamente bem comigo, e eu até bastante bem com ele, considerando.

 

Logo que me apercebi que o tinha perdido (deitada na praia a ouvir as ondas do mar e a estranhar não estar a ouvir música) resolvi compensar a perda emocional enorme com o ganho emocional de estar de férias e nada ser melhor que isso. Logo a seguir ocorreu-me: acabei de ganhar a desculpa ideal para comprar um dos novos nanos, sem sucumbir aos meus principios de que se o gadget está a funcionar bem é idiota comprar um novo só porque é um upgrade.

 

Senti-me karmicamente vingada. E lembrei-me de uma história que o meu pai conta de um amigo meio buçal que se fartava de perder coisas e ser roubado, e que a cada objecto que lhe desaparecia, se vingava do bandido com a expressão : "também.... olha, hei-de comprar um novo!"

 

03
Out08

The Office

Domesticada

Prescindi (armei-me em esperta) de uma semana de férias em Agosto, porque não estava bem entrosada no trabalho, queria estar cá na mudança de escritório... etc, etc. Pedi encarecidamente (armei-me em parva) ao meu boss que me desse uma semaninha no fim de setembro que era mais fixe. Como a dita semana passou e não me disseram nada, resolvi (armei-me em durona) ligar ao boss e comunicar-lhe que a semana que vem iria de férias.

 

Resultado: passei uma semana a ouvir 3 vezes ao dia "Você vai de férias na pior altura!". Junta-se a isto o pânico de estar efectivamente de férias, alguém vir à minha mesa e descobrir tudo aquilo que tinha para fazer e não fiz. Sinto-me como uma assassina que escondeu mal o cadáver e está a fugir à liberdade condicional.

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"Personally I'm always ready to learn, although I do not always like being taught." Winston Churchill
mariajoaoso (arroba) gmail.com

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