"There's a plane in the Hudson. I'm on the ferry going to pick up the people. Crazy." - Twitter de Janis Krums, num ferry a caminho de casa.
Nada como passar umas semaninhas longe do Blog e a experimentar coisas novas. Infelizmente não-sexuais. Nos últimos tempos o blog não tem sido das minhas prioridades, como se pode ver. Acho até que não tenho tido prioridades nenhumas. O tempo está feioso, o Natal já acabou, O ROC quer fechar o mês e estou gorda. In a nutshell, não tenho nada para dizer e se tivesse nem tinha tempo para o fazer.
Pelo meio desta aparente neura (que no fundo tem só a ver com o tempo) resolvi meter-me no Twitter. Meteram-me. E passei pelas fases clássicas de aceitação do twitter: para que é que esta trampa serve?, seguido de Mas o que é que eu tenho para dizer? e logo depois o habitual Estou no trabalho, o café está frio e hoje nasceu-me um joanete.
O Twitter é o que considero um upgrade aos blogs. Uma pessoa tem 140 caracteres para escrever algo de interessante, banal, cómigo ou muito triste, mas são 140 caracteres que têm de agarrar o leitor. Ao contrário de um blog onde decidimos pela primeira frase de um post se o vamos ler até ao fim, no Twitter o post é a primeira frase. Se a lemos está lida e se gostarmos seguimos o twitter desse autor. Honesto, prático, divertido, e com implicações sociológicas interessantíssimas. Uma das mais interessantes: há pessoas conhecidas a twittar no meio de nós, comuns mortais.
Essa é uma faceta genial do twitter: seguir os passeios e devaneios do Stephen Fry (rei do Twitter) ou simplesmente ler um desabafo ou outro da Tina Fey sentada à secretária. Outro lado espectacular é essa comunicação em tempo real. Qualquer pessoa em qualquer parte do mundo pode comunicar a quem o "segue" no momento imediato em que as coisas ques acontecem.
Ontem a notícia do avião caído no Hudson foi dada em primeiro lugar por este senhor lá de cima, acompanhada pela estrondosa fotografia do momento de salvamento. Não há mais simples que isto. Ele estava lá, tirou a fotografia, em 140 caracteres explicou que ue se passava e nada mais havia a dizer. Não quero com isto implicar que é o fim do jornalismo e da imprensa escrita e todos os grandes cataclismos de que se fala em 2009. Mas há aqui um shift na nossa maneira de perceber a informação global. A notícia deixa de ser distante e passa a ser consequente.
O caso do estudante/ jornalista americano que twitou enquanto estava a ser preso no egipto, despolotou a atenção dos amigos e consequentemente das autoridades, do consulado... e dessa forma conseguiu ser slavo. Se não tivesse conseguido passar a informação, provavelmente ainda hoje se perguntariam onde ele andava.
Escusado será dizer que 99.9% das vezes, o twitter é uma coisa desinteressante para toda a gente a não ser para nós próprios. Ninguém vai partilhar o nosso entusiasmo, ninguém vai querer saber o que fazemos 24horas por dia e ninguém nos vai descobrir como um talento internacional do twitter (a não ser talvez a #Anita). Pior: vamos falar disto aos nossos amigos, vão achar uma treta, vão lá registar-se, vão acabar por adorar, e nunca nos vão chegar a agradecer. Eu sei como é, eu fui uma dessas.
Mas por agora, e fazendo um voto solene de que não abandonarei o Blog tanto tempo outra vez, estou dedicada a chatear tanta gente quanto posso no twitter, várias vezes ao dia. Quem me quiser encontrar por lá, tenho o mesmo nome que aqui. Até loguinho.
James Karl Buck, o jornalilsta americano foi preso no Egipto e conseguiu, a partir do telemóvel, twittar o que lhe aconteceu.