"Esses Caguinchas" - The Sequel
O país afunda-se cada vez mais numa nação de coninhas que nem conseguem chamar coninhas aos coninhas de quem não gostam. Uma pátria inteira de coninhas que põem cadeados nos caixotes do lixo municipais, que bloqueiam os carros nas ruas de lisboa, que cortam o trânsito no bairro alto, que passam multas a quem deita fora o lixo nas merdas dos ecopontos.
Uns gandes conas, aliás, que não conseguem passar mensagens de "não fumar", "cuidado com a sida" e "separe o lixo" sem nos chamar a todos uns anormais, uns macacos, uns imbecis ou uns criminosos.
Isto tudo não tem nada a ver com a "liberdade" e o "direito" e o sistema nacional de saúde e o raio que o parta. Isto tudo é muito simples. Estamos a ser transformado num país de conas, feito por regras e não por leis. Feito por medidazinhas e decisõezinhas e regulamentozinhos e portariazinhas. Criem normas, caramba. Criem uma mentalidade, uma filosofia, um modo de vida. Criem condições de existência.
Esses coninhas que estão aliviadinhos de não terem já o fuminho dos cigarrinhos nas trombas, hão-de levar com o meu fuminho do cigarrinho no trombil de cada vez que ande na rua. Paragem de autocarro, toma lá um bafinho pra cima. Porta do café, pufff. Cada coninhas que me olhar de frente na rua leva mais um bafo em cima. Juro, mas é que juro, se dantes me procupava com os possíveis fumadores passivos à minha volta, a partir de agora hei-de-lhes dar um cancro a todos.
Havemos de morrer todos, que diabo, havemos de morrer todos um dia. E se esses coninhas tivessem um pingo noção de que vão morrer, se já tivessem aceitado isso como um destino de que não vão fugir, se já vivessem com a ideia presente de que, se calhar, vão até ter uma morte lenta e dolorosa e lixada, garanto-vos que também puxavam de um cigarro e aprendiam a gostar da merda da vida.