Spining
Convosco a capa da revista New Yorker deste mês, da autoria de Barry Blitt.
A ideia do autor era demonstrar através da caricatura o quão ridículos são os preconceitos e rumores sobre Obama. Que é de origem árabe, que odeia a América, que vai encher a casa branca de africanos ou árabes amigos do Bin Laden, e que tem uma mulher parecida com a Foxy Cleopatra e de olhar lascivo.
Por cá somos capazes de compreender a ideia. Não porque sejamos mais inteligentes ou cultos (desenganem-se, não somos), mas porque é claro que a sátira de destina aos que criticam Barak Obama e nunca ao próprio Obama.
Por lá não compreendem. E eu compreendo-os a eles. A questão que na Europa muitas vezes não vemos é que há toda uma América a acreditar nestes rumores. Há mesmo uma percentagem (e nem que seja 1% já é assustador) a acreditar que Obama é muçulmano e anti-patriota. Eu já conheci alguns deles. E parecem pessoas normais.
O que não compreendemos também, na Europa, é o molde em que está hoje em dia a mente Americana. Um americano avarage está exposto a tanto excesso de informação e de noticiários que alimentam verdades e mentiras com o mesmo ritmo e insistência, que não só perde gradualmente a capacidade de distinguir o real do "criado para o efeito X", como age em função do que lhe é alimentado. E isso, como todos sabemos. faz uma eleição, faz caír uma celebridade ou faz famoso um Zé-ninguém.
Barack Obama tem um desafio no nome, na cor de pele e no discurso. Bom para ele, é um American dream à espera de acontecer. Mas uma capa de revista destas (e que revista!) alimenta nos Estados Unidos o que muitos americanos já estão convencidos. E fica por saber também qual o nível de inocência desta publicação.
O resultado é que em vez de uma crítica aos que o criticam, o cartoon tornou-se numa bandeira para os mesmos. Além de que é extremamente mal-educado.