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Célula Estaminal

Célula Estaminal

02
Abr09

808s and Heartbreak - The bible of the "now" meets the prediction of the future.

Domesticada

 

Não há neste momento em todo o mundo uma pessoa com uma visão como a de Kanye West. Quem não o conhece, ou quem acha que ele é apenas um cantor de Hip-hop, rapper ou algo do género, por favor façam a gentileza, para vosso próprio bem, de ouvir pelo menos uma vez (se conseguirem) o Flashing Lights(Graduation), o Love Lockdown (808s) , Streetlights (808s) ou mesmo o The Good Life (Graduation).

 

Aliás, aliás, eu recomendo a leitura deste post ao som dele, pelo-amor-de-Deus!

 

 

 

Ok, vamos a isto. Primeiro post sobre o Kanye na série de muitos que aí vêm.

 

O 808s foi gravado no decurso de 3 semanas (três!) imediatamente após a morte acidental da mãe de Kanye. A voz foi gravada e remasterizada em Auto-tune e todo o album foi feito numa Roland TR-808 :

Não posso dizer mais nada tecnicamente sobre este album porque não tenho qualidades para isso. Mas posso afirmar com muita segurança que este é o album Pop da década. Vou repetir, que é para ninguém pensar que estou a ser exagerada:

 

O 808s and Heartbreak é o album pop da década. E como tal, o 808s é arte.

 

Começa por um Say you Will, tão sofrido, tão comedido e tão tímido, que tememos a todo o segundo a chegada do heart break. Porque o coração ainda não se partiu em Say you Will, o coração está simplesmente a sangrar, pingo por pingo, docemente a tentar que reparem nele. Mas é logo a seguir, em Welcome to Heartbreak que o caldo entorna. Kanye dá início ao circo da dor e impacto que é o album, apresentando-nos à personagem principal: o pobre menino rico (ele) que se mete com as miúdas erradas, gasta dinheiro estupidamente e conseguiu tudo o que queria na vida. Quem não conheça a arte de Kanye facilmente se indignaria. Mas uns minutos de atenção é suficiente para se entender o seu universo. Heartless vem a caminho, com rancor, mostrar-nos com balanço que uma mulher é um demónio, mesmo quando é uma deusa, e a apoteose muda chega com Amazing, onde nos encontramos dentro da cabeça de Kanye em palco, a ouvir a musica ao longe e a assimilar a nossa propria influencia no público. E aqui muda o disco, entra Love Lockdown, uma musica tribal africana minimalista. Não consigo dizer mais, oiçam-na e julguem o homem. (ele finge que não, mas adora ser julgado).

 

Quando o riso de Paranoid entra pelos nossos ouvidos, não há ninguém que consiga ficar sentado. Kanye obriga-nos a celebrar com ele a existência de pessoas loucas, que continua em Robocop, música que estou 100% convencida ser sobre a Lohan.

 

Streetlights dá vontade de chorar de tamanha beleza que é, e muito sinceramente, restaurou a minha fé na música actual. De tal maneira que, para mim, Bad News, See you in My Nightmares e Coldest Winter são extensões naturais da mesma música, e um final épico para uma obra de arte deste tamanho.

 

 

Não me levem a mal a descrição exaustiva, mas estou em crer que Kanye é aquilo que vai fazer a ligação entre o presente (o estado de merda em que a música pop está), e o futuro genial que nos espera. A verdadeira tragédia do nosso tempo é a morte da originalidade. E , enquanto fazia o seu luto, Kanye encontrou-a.

 

 

 

 

12
Set08

Ai pode, pode

Domesticada

Eu gostava muito de ter um player ali ao lado com umas musiquinhas a passar enquanto o leitor (do blog) vai lendo os post muito profundos de uma forma introspectiva.

 

Vai daí que resolvi por ali o ipod com umas playlists que mudo ocasionalmente. Ou talvez não.

 

Hoje temos aqui o Célula Playa', todo ele RnB a dar swing ao blog. Aceitam-se sugestões de músicas e playlists. Bem hajam.

08
Set08

O Roque Morreu

Domesticada

 

Salvam-se um ou outro restício do que foi um dia aquele rock dos prémios MTV, como estes meninos, os Paramore. O rock não precisava de categoria própria, ou não costumava precisar. Era música, ao lado do rap, do soul, da electrónica... O rap também já não é rap, entretanto. Transformou-se neste hip-hop de mete nojo, que compete pelo bling mais caro, as miúdas mais skanky e quem mexe mais vezes nos tomates em palco.

 

Ou estou muito velha (é possível) ou estes VMAs vieram mostrar ao mundo que a música está um caco, que o negócio da música é um nojo e que já ninguém faz nada de sério. Valham-nos os downloads "ilegais", que ao menos puseram a malta a ter de saber dar concetos ao vivo para pagar as contas, já que os albuns não vendem. Senão tinha sido o mesmo espectáculo vazio e estéril de ontem, mas em playback.

 

Mas ainda assim, verdade seja dita, já ninguém rocka nuns prémios destes. Os Foo Fighters o ano passado fizeram uma prestação maravilhosa nos EMAs de Munique, com um medley do primeiro single com uma musica de Sex Pistols. Rockaram como o caraças mas estavam à vontade, estavam na Europa. Nós ainda não temos o complexo de não se poder dizer mal do hip-hop e não se poder gostar de rock.

 

Ontem um desastre a noite toda. Ou era hip-hop do mau (e acreditem que eu sei distinguir) ou era Tokio Hotel. Eu costumava achar que ter um filho gótico seria dos meus piores medos. Mas afinal não. O meu maior medo é que filho meu (sim, eu escrevi "filho meu") goste, admire, venha a vestir-se de igual ou sonhe ser os Tokio Hotel. Mato-o à porrada.

 

E não digo isto para me armar em velha e dizer que os miúdos é que não sabem fazer musica hoje em dia.  Os Paramore, a tocar aí em baixo, são mais novos que as minhas primas mais novas, são um bocadinho Emo (belhac) e vendem ipods no site deles. Mas rockam. E não têm muitas tretas e a vocalista não tem de mostrar mamas para poder cantar. A Pink, abençoada, também rockou bastante mas tem a desvantagem de fazer umas musicas de merda que não se pode ouvir.

 

Ah, e só mais uma coisinha: já não é assim tãaaaao cool fazer covers da Madonna e do Michael Jackson. Não foi assim há tanto tempo, eles não são assim tão retro e se querem por o público a mexer e a comprar discos é só fazer uma coisa originalzinha. A sério, resulta.

 

 

21
Jul08

A noite em que me voltei a apaixonar.

Domesticada

****

 

Sábado a noite era húmida e o espaço era desapropriado para o que se ia ali passar. A lua, apontada por Ele vezes sem conta, estava cheia, grande e laranja e de costas para nós. Ele viu-a, nós vimo-lo a ele. Foi uma opção legítima da nossa parte.

 

Até àquele momento, nove horas em ponto, jurava jurava que Ele não existia na verdade, e que era um produto da minha imaginção. Como o cavaleiro andante que as meninas idealizam para o seu casamento, eu idealizei-o a Ele. Bom demais para ser verdade, verdadeiro demais para ser real. Antigo demais para ainda existir. Mas três passos em cima do palco e lá estava. Ali, à minha frente. Existe. O Cohen existe.

 

A partir das nove e um minuto até sensivelmente à meia noite, foram poucos os momentos em que as lágrimas não me cairam involuntariamente pelo queixo abaixo. Uma cena ridícula, até para as senhoras de mais idade ao meu lado, que o tinham vsto em cascais 20 anos antes e sabiam as letras de cor como eu. Olhavam-me com carinho sem compreender como é que uma miuda desta idade, que não conheceu o marido ao som do "Take this Waltz" ou que não dançou numa matiné do Casino do Estoril ao som do "I'm your man", pode estar neste pranto ao ver um tipo que no nosso tempo já era velho.

 

O Gentleman Cohen, figura por Ele criada e muito bem para estes anos maduros, tirava o chapéu para agradecer palmas, e ajoelhava-se e cantava para os membros da banda. E tudo muito bem, nós também pagámos o espectáculo Cohen, não foi só um pedacinho dele. Mas oh alminhas perdidas deste mundo, oh depressões idas, vindas e vindouras, oh males de amor, males de sexo, males de linguagem! Não há literatura cantada como aquela. Não há ode ao falhanço e ao desejo e à luxúria e à decadência como foi no sábado à noite.

 

Não há, no mundo, outro "Hallelujah" que me faça querer rezar a Deus, esquecer o Seu nome, cantar a glória divina do ser humano, ou postrar-me de joelhos e oferecer sexo oral aos homens do mundo. Tudo ao mesmo tempo. E as lágrimas ainda a caír pelo queixo, pelo decote exagerado que resolvi oferecer-Lhe, pelos cigarros que não parei de fumar a compensar o alcoól de deveria ter estado a beber.

 

Ah, e o concerto? Sim, foi isso tudo, sim. O melhor do ano, do mês, da vida se me permitem. Permitam-me lá.

 

Na noite em que me voltei a apaixonar, na minha cabeça tinha tudo planeado. Ia falar com ele, ia cantar-lhe um fado, ia levá-lo lá a casa, desculpe senhor Cohen por não ter elevador mas a sua saúdinha está boa porque saltitou em palco, os cinco andares não hão de  incomodar. Assina-me o Beautiful Losers que me fez devorar mais sexo quando o li que no resto da minha vida até aí? Ah, foi a minha revolução sexual, sim senhor Cohen, obrigada. 

 

Na noite em que me voltei a apaixonar contentei-me com gritar que o amava. E com um sorriso malandro de volta, de chapéu na mão.

 

 

****A foto foi sem pudor nenhum tirada do site do Blitz. Desculpem qualquer coisinha. Só conheci duas pessoas no mundo que fossem capaz desta cara, e dava um mindinho do pé para a poder perceber.

12
Jul08

Dylan em Algés

Domesticada

You think I'm over the hill, You think I'm past my prime. Let me see what you got, We can have a whoppin' good time.

 

Foi mau de tantas maneiras que foi bom. He was definitly not there. O Dylan anda numa de cantar todas as musicas de forma igual às do último album. Não acho mal. O Dylan no fundo pode fazer aquilo que bem entender.

 

Até tocar em Algés, num festival, e não permitir grandes planos a da sua cara. Afinal, depois de sermos interpretados no cinema pela Cate Blanchet, não podemos voltar atrás. Quando o meu avô estava a morrer também queria guardar a imagem dele como era dantes. E acho bem que o Grandpa' Bob o faça também.

 

Fomos todos lá picar o ponto, pronto. É uma questão de continuidade e sobrevivência. Não vamos passar só aos nossos filhos os genes e o mau feitio.Um dia vou poder dizer a um pirralho adolescente gerado por mim, que na altura vai gostar de uns mutantes quaisquer songoku como os Tókio Hotel: "Sabes, miúdo, eu vi o Dylan ao vivo."

10
Jul08

"Please don't spoil my day, I'm miles away..."

Domesticada

(Mais uma vez demonstro a minha pena de não poder ter um player e sugiro a leitura do post com um playzinho no youtube ali de baixo, é assim que se ouve música por aqui, ok?)

 

Esta minha capacidade bipolar e "extrovertida" de ser, que me faz postar furiosamente e mostrar tudo e mais alguma coisa de mim quando estou feliz tem de ser controlada. Geralmente arranjo um interlocutor espectacular para estas coisas, que é a música. Evita que mande para cima das outras pessoas a história da minha vida e converso com quem quer que seja que está a tocar ou a cantar para mim.

 

De há uns tempos para cá resolvi dedicar-me à discografia completa dos Beatles. Já eram favoritos da casa, mas há qualquer coisa de maravilhoso em ouvir albuns como eles são supostos ser ouvidos, re-descobrir músicas e descobrir novos favoritos dos Beatles aos 26 anos.

 

A conclusão cá da casa é que o melhor album dos Beatles é o Revolver. Pronto,está dito. Adiante.

 

Este I'm only sleeping é das coisas mais fantásticas que há. Nem que seja pela guitarra eléctrica tocada ao contrário no solo do George (eu chamo-lhe George porque é o Beatle que melhor me compreende e somos amigos). E pela letra do Lennon a dizer que não é preguiçoso, que está só ali no deixem-me-estar-sossegado a curtir a manhã dele. Não há melhor som para ouvir a caminho do trabalho, a caminho de casa de volta do trabalho, em casa no sofá a olhar para o tecto...

 

Estou com o Lennon hoje. Estou lá mesmo.

 

 

Nunca é demais um bocadinho de Beatles info, e aqui vai a pérola do Wiki:

 

(...)the first draft of Lennon's lyrics for "I'm Only Sleeping", written on the back of a letter from 1966, suggest that he actually was writing about the joys of staying in bed rather than any drug euphoria. In fact, Lennon loved staying in bed or on a couch, and when he wasn't sleeping, he would sit in it and read, write, or watch television. In a March 1966 interview with Maureen Cleave, the same interview in which Lennon made his "more popular than Jesus" remark, Cleave said, "He can sleep almost indefinitely, is probably the laziest person in England."

 

"Personally I'm always ready to learn, although I do not always like being taught." Winston Churchill
mariajoaoso (arroba) gmail.com

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