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Célula Estaminal

Célula Estaminal

28
Abr09

Administrative Professional Day

Domesticada

 

Amanhã seria o meu dia, se vivesse nos EUA. Por outro lado, se vivesse nos EUA provavelmente não seria uma Administrative Professional. Ou era desempregada ou era qualquer coisa glamorosa género empresária.

 

Como em Portugal não se celebra a nobre profissão de Secretária como deve ser; o mais que nos fazem é chamar qualquer coisa ridicula como Office Manager (como se alguém me deixasse managear seja o que for), resolvi celebrar sozinha.

 

Por ser uma profissional administrativa organizadinha e ter algum brio no meu trabalho, vou deixar-vos aqui a ordem de trabalhos de amanhã.

 

9.36: Chegada ao trabalho 6 minutos atrasada, e com o peso da culpa de cada minuto de atraso directamente proporcional à fome de não ter ainda comido nada.

 

10.15: Pedido de "uns minutinhos para falar" ao boss. Os homens não gostam destas coisas. Um "temos de conversar" é remédio certinho para ninguém me aborrecer mais durante o dia.

 

11.32: Ligar para a loja a saber se o meu bolo comemorativo já está pronto. Mereço todas as calorias que o bolo terá.

 

13.01: Chamar o elevador e sair do edifício para ir almoçar, sozinha, e comemorar o almoço especial de dia da Secretária. Em havendo vou pedir alheira.

 

14.59: De volta ao trabalho, peço desculpa pelas quase 2 horas de almoço por ser um dia especial para mim, mas provavelmente não estará cá ninguém a quem pedir desculpa.

 

16.00: Chega o bolo.

 

*via cakewreks

 

15.23: Lavar a loiça (um prato e um garfo) e perguntar se alguém quer o canto azul do bolo que sobrou, mas ninguém me responderá.

 

18.30: O meu trabalho (nenhum) está feito e arrumo as coisas para me ir embora.

 

18.32: O boss vem ter comigo e diz que já está disponível para falar e vamos para a sala de reunões.

 

20.26: O meu trabalho está feito e arrumo as coisas para me ir embora.

 

03
Out08

The Office

Domesticada

Prescindi (armei-me em esperta) de uma semana de férias em Agosto, porque não estava bem entrosada no trabalho, queria estar cá na mudança de escritório... etc, etc. Pedi encarecidamente (armei-me em parva) ao meu boss que me desse uma semaninha no fim de setembro que era mais fixe. Como a dita semana passou e não me disseram nada, resolvi (armei-me em durona) ligar ao boss e comunicar-lhe que a semana que vem iria de férias.

 

Resultado: passei uma semana a ouvir 3 vezes ao dia "Você vai de férias na pior altura!". Junta-se a isto o pânico de estar efectivamente de férias, alguém vir à minha mesa e descobrir tudo aquilo que tinha para fazer e não fiz. Sinto-me como uma assassina que escondeu mal o cadáver e está a fugir à liberdade condicional.

28
Ago08

The Office (V 2.0)

Domesticada

Chego tarde e a más horas depois do almoço, ainda ofegante pelos 5 cigarros que insisti em fumar de seguida a compensar os que não fumo de manhã. Trazia na mão a (merda da) Blitz deste mês, uma cópia encadernada do novo livro de contos do melhor escritor de sempre (hi hi hi), o maço de tabaco com o isqueiro a fugir para o chão e a mão esquerda enfiada na mala (saco de praia, no fundo) à procura das chaves do escritório.

 

O rabo de cavalo que fiz de manhã é nesse momento uma versão filho-mais-novo-mutante, os óculos de ler caem-me pelo nariz abaixo e a minha roupa não me fica tão bem quanto achei de manhã que ficava, antes de sair de casa. Nisto, no meio desta linda figura, entro a dizer boa tarde ao Sr. P. (senhor da portaria com ar deprimido e muito profundo que lê um livro por dia e desconfio que são todos sobre vampiros) e a tentar sorrir para desculpar a indesculpável falta de compustura com que entro neste edifício de gente fina.

 

Abro a porta do elevador com um pé e atiro-me lá para dentro toda contente. Tenho, ou pelo menos acho que tenho, cerca de 28 segundos para me compôr e encontrar as chaves até chegar lá acima. Nesta altura entram-me dois arquitectos no elevador. Correcção, entram-me no elevador dois tipos giros de morrer que eu sei que são arquitectos porque vão para o andar debaixo do meu. Bonito. Sorrio outra vez e lembro-me que nos filmes as miúdas como eu assim trapalhonas são deliciosas e encantadoras e tento abraçar a minha situação.

 

No meio deste xirimbéu todo o elevador desata a apitar. Aliás, desata a tocar porque parece o som de um telefone. Eu, como nos filmes claro está, digo uma piadola: "Se for para mim não estou". Não tenho graça nenhuma, caraças. Continua a tocar. Ninguém ri comigo. Não me consigo compôr ao espelho com estes dois aqui plantados.

 

Chegamos ao andar deles, saem, sorriem e dizem boa tarde. Aí, já prestes a suspirar de alívio e a desapertar um botão das calças por causa do susto, antes da porta se fechar vejo a mãozinha de um deles ainda a agarrar a porta e a espreitar com a cabecinha. - Sabe, o elevador quando faz este barulho geralmente é porque vai cair ou parar. Boa Sorte!  E fecha-me a porta. Fecha-me a porta! E enquanto dentro do elevador a apitar  estridentemente eu ainda soltei um Meh?! consegui ouvir os risinhos dos dois arquitectos giros à brava e com idade para ter juizo.

23
Jul08

Eu devia era estar a inserir facturas no PHC.

Domesticada

A motherfucking ironia disto tudo é que fui para Direito , como todas as outras alminhas, para fugir à matemática. E hoje estou aqui a nadar em contabilidade e thisclose a ser detentora da profissão mais entediante do mundo. Bem vistas as coisas eu também fugi do Direito, se calhar mereço tudo o que de mal me aconteça.

 

Isto é um problema que não é problema se eu vivesse feliz na redoma do trabalhinho do dia-a-dia, dos hobbies de ir ao ginásio e correr à beira rio e... não quero parecer uma cretina e criticar quem o faça. Isto da vidinha é um problema quando se finge não ter vidinha, e pronto.

 

Eu explico (os blogs também servem para desabafos, certo?). Tenho trabalhado com uma banda, estamos a ter um feedback maravilhoso, já com um pseudo-agente e maquetes nas editoras e o whole shebang. A coisa começa a prometer e a nossa posição no myspace em Portugal até é porreira (sim, eu ligo a essas coisas, é o business e tal). Acontece que começo a ter reuniões e essas coisas. Somos 3. Dois miudos super cool e uma miuda que parece uma tipa muito New Age-epicurista-carpediem e isso tudo (que sou eu).

 

Eles os dois estudam em cursos cool, têm imenso tempo para "criar" e são coerentes. A mim perguntaram-me o que fazia da vida (repararam que era claramente mais velha e que alguma coisa tinha de pagar as minhas sandálias hippie-chic da Timberland). "Ah, eu sou secretária."

 

Silêncio muito constrangedor. Daqueles à western em que passam tufos redondos de raminhos a rolar com o vento, à nossa frente. " Portanto a John tem um nine-to-five?" Eh pá, porra, a verdade é que tenho, mas faz parte do meu plano. Tenho um nine-to-five   porreirinho que me paga as contas, e tenho o resto do dia e do fim-de-semana para poder "criar" e cantar e escrever e namorar, e pronto. É um plano.

 

Mas caramba, a motherfucking ironia. Eu não quero ser uma Secretária-que-canta-numa-banda-conhecida. Nem tão pouco a Cantora-que-durante-o-dia-é-secretária. E por tudo o que consideram sagrado, eu não quero acima de tudo ser uma Administrativa.

 

De repente dou de caras com um parágrafo maravilihoso do Hunter S. Thompson, do Kingdom of Fear:

 

I am a confused Musician who got sidetracked into this goddamn Word business for so long that I never got back to music (...) Who knows why? Maybe I just feel like singing so I type.

23
Jun08

Birds flying high, you know how I feel.

Domesticada

 

(para uma lamechice mais apurada, sugiro a leitura deste post depois de um toquezito no play do video lá em baixo) 

 

 

Hoje é o meu último dia de trabalho nesta empresa. Esta empresa cujas pessoas são fantásticas e no entanto são o seu mal. Onde todos os dias queria ver as caras de todos os dias, mas todos os dias desdenhava o dia em que decidi vir para cá. É complicado isto das relações laborais. Como filha única que sou, sempre desejosa de interacção, pessoas, conversa e animação, tenho dificuldades em não querer guardar para mim como amigos todas as pessoas que se cruzaram no meu caminho. Colegas de trabalho ou não.

 

Os colegas de trabalho, para mais quando são da nossa idade e background, são extremamente difíceis de não gostar, de não querer que façam parte da nossa vida, de não querer beber copos e contar tudo sobre tudo. Ao mesmo tempo são difíceis de gostar. Porque sabemos que vai sempre haver um momento em que eles, ou nós, vamos ter de ser assertivos, refilar com uma imperfeição no trabalho, chamar à atenção ou apontar uma injustiça. Estamos sempre numa luta interna sobre o que havemos de chamar àquelas pessoas que vemos mais vezes do que vemos os nossos namorados, pais ou gatos. Amigos, conhecidos, colegas, gajos, gajas, senhores, doutores?

 

Esta empresa trouxe-me, no verão passado entre caipirinhas de fim de tarde e tapas a passar pela hora de jantar, um grupo de amigos que se escaparam desta empresa um a um e me foram deixando para aqui. Espertos. E desse Verão cheio de trabalho e calor, vou guardar sempre aquela sensação boa de ter descoberto novas pessoas fixes, numa altura em que começava a duvidar se ainda as havia.

 

Trouxe-me também uma fornada nova de pessoas fixes com o inverno. E com elas jantaradas, noitadas no bairro e um atropelamento que uniu para sempre a minha Rosie e eu. Uma emoção pegada.

 

Não é possível não gostar desta gente. E no entanto dei por mim num lugar estúpido na minha cabeça em que nem desta gente já demonstrava gostar. E num lugar estúpido em que só falo de mim, em que não pergunto como estão, e em que me queixo todos os dias como a típica secretária que jurei nunca vir a ser.

 

Hoje é o meu último dia aqui, com as devidas despedidas da praxe e um fim de tarde de happy hour na esplanada de preferência. Não consigo estar triste, desculpem. E fiz este post para eles, desculpem os outros. E não tenho actualizado o blog quanto devia, peço desculpa a todinhos todinhos.

 

New day, new dawn, new life, e todas essas coisas. Espero eu.

 

I'm feeling good.

 

 

04
Jun08

Descompensar

Domesticada

Há algo de muito pouco engraçado e extremamente preocupante neste video. Peço desculpa por isso. Mas a verdade é que esta vidinha de Office Space que ando a levar faz-me compreender muitíssimo bem este senhor.

 

 

Quando chegamos a este ponto já é um "Fuck it all!" muita grande, não é?

 

 

*via Neatorama

 

04
Set07

The Office (5)

Domesticada

e-mail típico trocado entre Top Executive People de toda a parte do mundo:

"Jim,

Here's the file you asked for."


e-mail típico trocado em Portugal entre executivos de topo, secretárias, informáticos, fornecedores de papel, Presidentes da República e empregadas de limpeza:

"Exmo. Sr.
Dr. Qualquer Coisa de Coisa,

No seguimento do seu contacto telefónico desta tarde, junto envio o ficheiro solicitado, em formato PDF.

Agradeço desde já o seu contacto e considere-me ao dispor para quaisquer futuros esclarecimentos que julgue ser necessários.

Sem mais assunto despeço-me, com os melhores cumprimentos,


Engª Maria de Coisa e Tal e Tal

14
Ago07

The Office (4)

Domesticada

Tal como a ideia do Chris Rock de pôr um preço exagerado em cada bala, proponho um preço de selo por cada e-mail enviado.

Aposto, mas é que aposto, que se pensaria duas vezes antes de enviar mails idiotas que enchem a caixa postal depois de uma mísera semana de férias.

"Personally I'm always ready to learn, although I do not always like being taught." Winston Churchill
mariajoaoso (arroba) gmail.com

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